
Morreu nesta quarta-feira (11), aos 82 anos, Brian Wilson, fundador dos Beach Boys e um dos maiores compositores do século 20. A morte foi confirmada pelas redes sociais do próprio cantor, em um comunicado assinado pela família. “É com o coração partido que anunciamos o falecimento do nosso querido pai, Brian Wilson. Estamos sem palavras neste momento. Por favor, respeitem nossa privacidade, pois nossa família está de luto. Sabemos que estamos compartilhando nossa dor com o mundo.”
Responsável por revolucionar o som do pop e do rock nos anos 1960, Wilson foi o cérebro por trás de faixas eternizadas na cultura americana como “Surfin’ U.S.A.”, “I Get Around”, “Don’t Worry Baby”, “California Girls” e a aclamada “God Only Knows”, esta última considerada por Paul McCartney como “a melhor música já escrita”.
Ao lado dos irmãos Dennis e Carl, do primo Mike Love e do amigo Al Jardine, Brian fundou os Beach Boys em 1961, na ensolarada Califórnia. Com harmonias vocais complexas e arranjos inovadores, o grupo moldou o som da juventude americana em meio à febre do surf e das praias da Costa Oeste.
Mas por trás da genialidade, existia um artista atormentado. Diagnosticado ainda jovem com esquizofrenia e, mais recentemente, com um “grave distúrbio neurocognitivo semelhante à demência”, Brian Wilson enfrentou batalhas silenciosas durante toda a vida. Em 2024, seus empresários confirmaram o avanço da condição, que afetava diretamente sua capacidade de tomar decisões cotidianas.
Mesmo assim, sua carreira foi marcada por feitos impressionantes. Em 1966, o álbum Pet Sounds redefiniu os limites da música pop e influenciou os Beatles a criarem o lendário Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band. Ainda assim, o disco foi um fracasso comercial à época, o que aprofundou a fragilidade emocional do artista.
O impacto foi tão profundo que Wilson demorou décadas para completar seu projeto mais ambicioso, o álbum Smile, lançado apenas em 2011, após 44 anos de interrupções.
Saiba Mais
Os Beach Boys, por sua vez, aram por disputas jurídicas e tragédias. Dennis morreu afogado em 1983, e Carl faleceu de câncer em 1998. O uso do nome da banda acabou ficando com Mike Love, que liderou novas formações ao longo dos anos. Enquanto isso, Brian seguiu em carreira solo, lotando teatros e festivais, incluindo uma turnê memorável no Brasil em 2004.
Além da discografia, a vida do artista foi retratada nas telas em Love & Mercy (2014), com Paul Dano e John Cusack interpretando diferentes fases de sua vida, e no documentário Brian Wilson: Long Promised Road (2021), que lançou um olhar íntimo sobre sua trajetória.