PRATA DA CASA

Ex-fotojornalista do Correio vence prêmio em festival internacional

Primeiro documentário de Tina Coêlho, que retrata a pesca tradicional em alto-mar, conquista o público no Heritales em Portugal

Lana -  (crédito: Foto: Ana Isabel Afonso)
Lana - (crédito: Foto: Ana Isabel Afonso)

A brasileira Tina Coêlho, de 54 anos, celebra um reconhecimento especial em sua recente trajetória como cineasta: o documentário O Calador e a Corda. O filme é sobre a pesca em alto mar e venceu o prêmio do público no Heritales — International Heritage Film Festival, em Portugal, na sexta-feira (6/6). Ex-fotojornalista do Correio Braziliense e mergulhadora profissional, Tina seguiu pelo cinema documental há seis anos, movida pela paixão pelos oceanos e pela pesca artesanal.

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Em entrevista ao Correio, ela comenta o sentimento de ter sido premiada. “Sinto-me honrada principalmente pelo reconhecimento ter vindo do júri de audiência. Estou trilhando o caminho de comunicar, por meio de imagens, assuntos importantes. É como fazer e ter a oportunidade de fazer pontes entre mundos diferentes”, disse. 

O filme, produzido de forma independente e sem nenhum patrocínio, nasceu como exercício final para uma disciplina do mestrado em antropologia visual que Tina cursou na Universidade Nova de Lisboa, com especialização em culturas visuais. O projeto explora a arte xávega — prática tradicional de pesca em alto-mar — e foi inteiramente filmado à noite, o que exigiu da diretora novos aprendizados técnicos, tanto na captação quanto na edição de imagens.

“Mesmo tendo sido fotojornalista quase a vida toda, inclusive ‘cria’ do Correio Braziliense, nunca havia filmado antes. Tive que aprender toda uma linguagem nova, fazendo. O desafio de filmar à noite e de aprender as ferramentas de edição, além das técnicas da arte xávega, foram enormes”, relatou.

A produção de O Calador e a Corda enfrentou obstáculos típicos de projetos solo e sem financiamento. “As produções independentes, principalmente as realizadas por uma pessoa só, e sem nenhum recurso, na cara e na coragem, são os desafios que se impõem. Não é fácil fazer tudo isso sem dinheiro”, contou.

Com raízes nos Açores — seu avô nasceu no arquipélago português, onde a pesca é central na economia —, Tina tem dividido sua vida entre Brasil e Portugal desde 2018. Além do mestrado, atualmente é doutoranda em antropologia nas Universidades NOVA de Lisboa e ISCTE-IUL, em cotutela com a Universidade de Brasília.

Mais do que retratar uma técnica de pesca, O Calador e a Corda revela a beleza e a urgência de se compreender os oceanos como parte vital da sustentabilidade global. Para Tina, contar essas histórias é uma forma de ativismo visual. “Acredito estar contribuindo para uma maior consciência da importância deste ambiente para o equilíbrio do planeta”, finalizou. 

 

postado em 08/06/2025 15:25 / atualizado em 08/06/2025 15:50
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