
A movimentação de onças-pardas na área rural do Lago Norte voltou a preocupar moradores da região. Imagens de câmeras de segurança registraram, nesta quinta-feira (12/6), uma agitação em um curral, que assustou cavalos em uma propriedade.
No vídeo, uma moradora grava a tela do computador, onde são exibidas as imagens de segurança. Enquanto observa a movimentação dos animais, ela comenta que os cavalos ficaram agitados e suspeita da presença de onças perto do bebedouro. "Eles correram e ficaram olhando ali para baixo (bebedouro), porque a onça provavelmente estava lá", explicou.
Assista:
Segundo o Batalhão de Polícia Militar Ambiental (BPMA), a suspeita é de que uma onça adulta, acompanhada de dois filhotes, esteja nos Núcleos Rurais Córrego Palha e Olhos d'Água. Em 3 de junho, uma égua foi atacada e morta. Os ferimentos encontrados eram compatíveis com os causados pelos felinos.
Em parceria com o Instituto Brasília Ambiental (Ibram), a Polícia Militar do DF instalou câmeras de monitoramento para rastrear os animais. O Grupamento de Operações no Cerrado do BPMA, especializado em áreas de mata fechada, atua na missão, realizando estudos de vestígios para acompanhar os deslocamentos dos bichos.
Com os novos relatos de avistamentos, o patrulhamento foi reforçado na região. “Uma moradora disse que viu a onça, às 4h da manhã, em frente ao condomínio. Outra mulher e duas crianças também relataram o encontro”, contou a tenente Thays Gonçalves, do BPMA.
Segundo a oficial, as câmeras foram reposicionadas e o monitoramento intensificado. “Acreditamos que ela esteja apenas em transição, buscando uma área de preservação como o Parque Nacional ou o Jardim Botânico”, explicou.
Na semana ada, após o ataque à égua, equipes do BPMA e do Ibram identificaram pegadas que confirmam a presença das onças-pardas. “Tudo indica que se trata do mesmo grupo avistado anteriormente”, afirmou a tenente.
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Prevenção
Segundo o Guia Prático de Convivência com Predadores Silvestres e Animais Domésticos, os principais predadores de animais domésticos de maior porte, como bezerros, potros e porcos, são as onças-pintadas e as onças-pardas. O documento foi produzido pelo Ministério do Meio Ambiente, pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (Cenap).
As onças-pardas que rondam a região do Lago Norte são felinos ágeis também conhecidos como puma, suçuarana, leão baio, lombo-preto ou onça-vermelha. De aparência menos robusta, a onça-parda não ruge como a onça-pintada e produz um som mais parecido com um miado, afirma o guia.
Com ataque voltado para a sufocação, a onça-parda geralmente mata suas presas com mordidas na garganta, como as encontradas na égua. Como principais recomendações para a convivência com predadores de animais, o guia destaca o uso de cercas para impedir que eles entrem na mata, recolher os animais ao anoitecer em àreas de mata extensa, manter iluminação nas áreas onde ficam os animais e conhecer a aparência e os sinais dos ataques por esses animais.
O Ibram reforçou que não há registros de ataques de onças a seres humanos no Distrito Federal. “Esses animais percebem o ser humano como predador, e não como presa. Por isso, evitam o confronto e fogem ao menor sinal de presença humana”, informou o instituto, que segue atuando com ações preventivas e educativas. “A convivência com a fauna silvestre é possível, segura e necessária para o equilíbrio ecológico do nosso território”, concluiu em nota.