
“Não procede a acusação, Excelência”. Assim começou o interrogatório no Supremo Tribunal Federal (STF) do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), réu por tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, após responder à indagação do ministro Alexandre de Moraes. Bolsonaro é acusado ainda de ser o líder da organização criminosa que teria tentado o golpe.
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Logo no início do interrogatório, Moraes, que atua como juiz instrutor do julgamento, além de ser o relator do caso, perguntou quais elementos Bolsonaro tinha para alegar que havia fraude nas urnas e que os ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) estariam direcionando as eleições. “Essa foi a minha retórica, buscando o voto impresso para evitar qualquer possibilidade de se alterar o resultado das eleições”, alegou.
O ex-presidente não respondeu se teria os elementos que comprovam fraude nas urnas ou a parcialidade dos ministros do TSE. Em vez disso, optou por destacar que ele não é o único que faz críticas públicas à urna eletrônica ou que sugere haver indícios de fraude nas urnas eletrônicas.
“A questão da desconfiança ou crítica às urnas não é algo privativo meu. O senhor Flávio Dino, em 2012 ou 2010, quando ele perdeu as eleições, disse 'hoje eu tive a oportunidade de ser vítima de um processo que precisa ser aprimorado, que é o sistema das urnas eletrônicas', palavra do senhor Flávio Dino”, comentou Bolsonaro sobre um vídeo postado pelo ministro nas redes sociais.
O ex-presidente também mencionou uma possível postagem feita pelo ex-ministro da Previdência Carlos Lupi, que teria publicado que “sem a impressão do voto não há a possibilidade de recontagem, sem recontagem a fraude impera”, complementou.
Bolsonaro lembrou ainda que concordou em participar, enquanto governo, da Comissão de Transparência Eleitoral. Na ocasião, ele teria dito aos membros do governo que “já que colocaram a gente aqui, vamos fazer o melhor possível para auxiliar o TSE para que a eleição seja a mais clara e transparente possível”.
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Durante seu governo, o ex-presidente realizou uma série de lives para criticar o processo eleitoral brasileiro. Durante os últimos anos, desde sua gestão na Presidência, ele vem afirmando que irá apresentar provas contra o sistema eletrônico, mas até então não alcançou cumprir o prometido.