
Último a ser interrogado no Supremo Tribunal Federal (STF) pela tentativa de golpe de Estado, o general Walter Braga Netto participou da oitiva, nesta terça-feira (10/6), por meio de videoconferência da audiência, pois está preso por suspeita de tentar atrapalhar as investigações. Ao ministro Alexandre de Moraes, relator da ação penal, ele rechaçou a delação do tenente-coronel Mauro Cid e negou ter transportado dinheiro em sacolas de vinhos para financiar o plano golpista.
Na delação premiada, Cid indicou que o dinheiro para o plano de matar as autoridades, conforme descrito na denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), foi entregue em uma sacola de vinho por Braga Netto. O montante teria sido entregue aos chamados "Kids Pretos", das forças especiais do Exército. Eles seriam os responsáveis por executar o plano.
O ex-ministro de Bolsonaro negou. “O Cid veio atrás de mim perguntando se o PL poderia arrumar o dinheiro. Era muito comum o presidente Jair Bolsonaro, ou o Valdemar, ou outro, pedirem para pagar contas de campanha atrasadas. Eu virei para ele e disse: procura o tesoureiro. Eu não tinha contato com empresários, então não dei dinheiro para o Cid”, declarou.
Questionado diretamente sobre a caixa de vinho mencionada por Cid, Braga Netto negou. “Os empresários estavam mais interessados no presidente Bolsonaro do que em mim. Todo dinheiro era encaminhado para a conta da Campanha. No final do pleito, ainda devolvemos dinheiro para o PL”, disse.
Walter Braga Netto é acusado de ser o financiador do plano golpista. O tenente-coronel Mauro Cid denunciou que o general e o ex-secretário de Comunicação do ex-presidente Jair Bolsonaro Fabio Wajngarten tentaram obter informações sobre o conteúdo dos primeiros depoimentos dele à Polícia Federal.
A prisão de Braga Netto foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes no inquérito que apura a tentativa de golpe de Estado para manter Bolsonaro no poder mesmo após sua derrota eleitoral em 2022.
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Fim dos interrogatórios
A Primeira Turma do STF concluiu, nesta terça-feira, os interrogatórios do primeiro grupo de testemunhas da tentativa de golpe de Estado. Segundo a PGR, o ex-presidente Bolsonaro tinha ciência e participação ativa em uma trama golpista para se manter no poder e impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.
Após o fim dos interrogatórios, o ministro Alexandre de Moraes revogou a proibição de contato entre os réus na ação penal por tentativa de golpe de Estado. Com a decisão, os integrantes do núcleo 1 poderão conversar e manter contato. "Eu revogo a medida cautelar que impôs em 26 de janeiro de 2024 a proibição dos réus de manterem contato entre si", determinou o relator.